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Quando pensamos em viagens pelo Nordeste brasileiro, inevitavelmente a primeira coisa que vem à cabeça são as praias. O que é natural: afinal, são mais de 3.300km de litoral, com cerca de 1.500 praias. Mas, obviamente, a região tem muito, mas muito mais do que mar e areia para oferecer. É justamente para lá que nós vamos em mais um capítulo da série especial, parceria com a Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso, com as mais legais e desafiadoras travessias do Brasil. Desta vez, chegamos aos Caminhos das Ararunas, na Paraíba.

Localizada no que é conhecido como agreste paraibano, toda a rota fica bem próxima da divisa com o estado do Rio Grande do Norte. Fica em uma região serrana e, por isso, tem o clima um pouco mais ameno do que em outras localidades das redondezas. 

Lembrando que este é o terceiro roteiro que contamos a história. Os outros dois estão aqui:

Vamos agora conhecer em mais detalhes os Caminhos das Ararunas.

Os Caminhos das Ararunas

Implementada recentemente, em 2021, ela é uma trilha de longo curso que já nasceu especial: é a maior do Nordeste brasileiro. Quando este texto foi escrito, em outubro de 2023, ela contava com cerca de 130km mapeados e autoguiados – mas deve crescer nos próximos anos, já que novos trechos estão sendo implantados.

Ao todo são 8 trechos, que podem ser percorridos diretos – da cidade de Araruna até Cuité – ou de maneira separada. Para fazer em uma travessia, ela dura 8 dias, com aproximadamente 16km caminhados por dia. De riqueza cultural ímpar, conta com cânions, montanhas e vales que são verdadeiros tesouros naturais brasileiros.

Os Caminhos das Ararunas passam, por exemplo, pelo Parque Estadual Pedra Boca, reconhecido como patrimônio geológico mundial e um dos principais destinos de ecoturismo da região.

“Fiquei apaixonado por tudo o que vi lá. O relevo, as formações, a pintura rupestre e uma riqueza cultural absolutamente incrível. É um caldeirão cultural e natural que o Brasil precisa conhecer melhor”, comenta Marcio Mafra, que em fevereiro de 2022 fez parte da primeira dupla a fazer o caminho integralmente de forma autossuficiente, ao lado do amigo Thales.  

Todos os trechos dos Caminhos das Ararunas fazem parte da Caatinga. Durante a caminhada, porém, encontram-se visuais muito diferentes, como resquícios de floresta atlântica, diversos sítios rupestres e formações rochosas extremamente relevantes, que sem dúvida nenhuma estão entre os diferenciais da trilha.

Por onde passa

“A trilha é o corpo e a história é a alma. A alma das trilhas são suas histórias; se não conhecer a alma, você só passou pelo caminho, não viveu”.

A frase de Marcio Mafra é marcante, e resume um pouco da experiência dele durante os 6 dias em que passou pelos Caminhos das Ararunas. É claro que os visuais impressionantes e o desafio de uma trilha de longo curso em si são parte fundamental do processo, mas as relações com as pessoas da comunidade estão entre as riquezas do roteiro.

Durante todos os trechos, que passam pelos municípios de Araruna, Cuité e Riachão de Araruna, a presença de comunidades é constante. Uma história vivida por Marcio exemplifica isso o que dissemos no parágrafo anterior.

“Em um momento da trilha eu estava morrendo de sede e encontramos com um senhor que estava com um boi. Pedimos orientação, para encontrar algum lugar em que a podíamos achar água. E ele disse para procurarmos a esposa dele, dona Francisca, na casa deles na comunidade Umburana. Encontramos com ela e não recebemos só água, mas também suco de cajá, de umbu, de manga. O povo de lá é o maior tesouro desse caminho”, lembra Marcio.

A conexão entre a natureza abundante e a cordialidade das comunidades locais fazem com que os Caminhos das Ararunas tenham um ingrediente a mais para ecoturistas de todo o Brasil.

Por que conhecer os Caminhos das Ararunas

Se você chegou até aqui, já sabe sobre os tesouros naturais e culturais que a região do agreste paraibano oferece. Podemos falar, primeiro, sobre as riquezas que você pode encontrar pelos 130km de trilhas.

Entre os cânions, o Macapá e o da Serra Verde, por exemplo, proporcionam experiências únicas no ambiente natural. Outro destaque é a belíssima Pedra do Chapéu – uma das muitas formações rochosas que chamam a atenção, mesmo para quem está na estrada e não se aventurou pelas trilhas.

Do ponto de vista da arqueologia, são nada menos do que 15 sítios arqueológicos com pinturas rupestres – algumas datadas de 12 mil anos atrás.

O ambiente de Caatinga proporciona vivências bastante distintas para quem está nos trechos. Vegetações únicas e a possibilidade de encontrar ambientes ecológicos, culturais e históricos inesquecíveis.

Para quem é indicado

Apesar de ser uma trilha totalmente autoguiada, com os padrões da Rede Brasileira de Trilhas, a melhor forma de caminhar pelos Caminhos das Ararunas é ao lado de um condutor credenciado (veja mais detalhes abaixo).

“A viagem com quem conhece o local é diferente. São pessoas que, além de saberem os melhores atalhos, também contam a história do lugar de uma maneira que só elas mesmo sabem fazer”, lembra Marcio.

Durante todo o trajeto existem locais para se alimentar – seja em restaurantes ou em casas de moradores que estão se estruturando para receber viajantes. E aqui vai outra dica: evite carregar peso exagerado em alimentação, já que você vai encontrar pelo caminho. Em todo o percurso existem bares, restaurantes e lanchonetes.

Para passar a noite, os Caminhos das Ararunas têm áreas de camping selvagem e áreas de camping com mais estrutura, com banheiros, chuveiros e até internet. Outra opção são as casas de moradores, o chamado turismo de base comunitária.

Seja como for: planeje-se antecipadamente, porque cada lugar tem uma capacidade de carga específica.

INFORMAÇÕES PARA CONHECER OS CAMINHOS DAS ARARUNAS

Para auxiliar no seu planejamento de viagem, separamos abaixo algumas opções de agências e condutores que serão muito úteis para o roteiro da sua ida para os Caminhos das Ararunas.

Agências

Araruna Adventures: (83) 9628-9735

Dúvidas e mais informações podem ser conseguidas por meio do Instagram oficial dos Caminhos das Ararunas.

FONTE: semeia.org.br