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Em uma jornada repleta de desafios, os 135 quilômetros da Trilha de Longo Curso – Caminhos das Ararunas se apresentam como um convite para os corajosos e determinados. Cadastrada no município de Araruna, Curimataú paraibano, com paisagens bucólicas e panoramas cativantes, essa travessia testa os limites daqueles que decidem enfrentá-la. Serpenteando serras íngremes, monumentais blocos rochosos de formas únicas, estradas pedregosas e trilhas sinuosas por meio da vegetação característica da caatinga, essa Trilha se destaca como um desafio singular, atraindo aventureiros de todos os cantos do Brasil e do mundo. O ponto de partida é Araruna, mas os corredores ecológicos também atravessam os municípios paraibanos de Tacima, Riachão e Dona Inês, unidos em prol dessa incrível Trilha.

Movidos pelo desejo de superar barreiras, inúmeros aventureiros encaram o desafio de completar essa travessia desafiadora. Entre eles, Gustavo Lira, profissional de educação física, natural de Natal, Rio Grande do Norte, se destaca como o pioneiro a percorrer toda a extensão da Trilha correndo, uma modalidade extremamente desafiadora. Sua jornada começou quando soube do projeto pelas redes sociais, e a partir daí, começou a se preparar e se manteve ativo. No entanto, um ano e meio de desafios pessoais, incluindo doença e o nascimento de seu segundo filho, adiaram seu sonho.

No início deste ano, Gustavo retomou sua preparação com foco em musculação e treinamento em terrenos irregulares. Em julho, chegou a Araruna, pronto para encarar a Trilha de Longo Curso. Seu objetivo era percorrer os 135 quilômetros em um único dia na modalidade FKT Fastest Known Time, que significa “melhor tempo conhecido”. Ao iniciar o percurso, partindo da Igreja de Santo Antônio, no Centro de Araruna, passando por pontos icônicos como a Fazenda Maquiné, ficou evidente que essa jornada seria uma prova extenuante.

“Enfrentei esse trecho à noite e tive que lidar com problemas de GPS que me desviaram da Trilha. Urtigas, e a vegetação alta rasgaram minhas pernas, intensificando o desafio”, compartilhou Gustavo. “Cerca de 70 quilômetros depois, após horas correndo entre corredores ecológicos, perto do trecho cinco que leva ao Mirante Vale da Serra, o cansaço avassalador dominou meu corpo. Senti que era necessário suspender o desafio.”

Após cinco semanas de sua primeira tentativa, Gustavo Lira retornou com determinação para completar a Trilha. Partindo do trecho cinco, enfrentou os desafiadores 65 quilômetros restantes, superando obstáculos naturais e a fadiga acumulada. A íngreme subida da Serra do Frade, na comunidade do Barbaço, se destacou como um dos maiores desafios.

Em (18) de agosto, Gustavo finalmente atingiu a comunidade do Muquém, marcando o ponto final dessa epopeia nos Caminhos das Ararunas. O trajeto superou a distância entre sua cidade, Natal (RN), e o município de Araruna (PB), totalizando aproximadamente 120 quilômetros. Uma trilha desafiadora, porém, nas palavras dele, uma experiência de valor inestimável.

Apesar de sua ampla experiência em provas, como meias maratonas e ultramaratonas, Gustavo surpreende ao revelar que nunca havia completado uma travessia de longo curso registrada na Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso. Após enfrentar o desgaste físico do desafio recente no Curimataú paraibano, o atleta planeja um merecido período de descanso. Contudo, suas metas futuras já estão traçadas: “No próximo ano, por volta da mesma época, pretendo reviver essa experiência e estabelecer o FKT, completando a Trilha em um único dia”, compartilhou Gustavo.

Caminhos das Ararunas: Um Ativo para o Turismo Regional

Essa Trilha pioneira do Nordeste e da Paraíba, incorporada à Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso, emerge como um destaque no cenário do turismo nacional. Atraindo aventureiros de todos os cantos do país, ela promove não apenas a diversão e o lazer, mas também impulsiona a economia regional. Ricardo Câmara, coordenador do projeto, ressalta: “Ao concluir a Trilha, como Gustavo Lira fez, ampliamos a visibilidade do projeto, inspiramos outros atletas e atraímos mais turistas. São os próprios visitantes que nos fornecem feedbacks cruciais para a contínua melhoria da trilha.”

Alessandra Lontra