Economia
Desenrola Brasil: nova fase de renegociação de dívidas começa nesta segunda. Veja regras e tire dúvidas

Publicado em 08/10/2023 08:45

Reprodução

Começa amanhã a segunda etapa do programa Desenrola Brasil, que oferece à população a renegociação de dívidas. Nesta fase, serão beneficiados com descontos médios de 83% os consumidores com dívidas bancárias e não bancárias feitas entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022 de até R$ 5 mil (valor atualizado). Para participar, é preciso ainda ter renda de até dois salários mínimos mensais (R$ 2.640) ou estar inscrito no Cadastro Único (CadÚnico) como beneficiário de programas sociais, como o Bolsa Família.

Desempregada, Sandra Paixão, de 53 anos, é uma das mulheres brasileiras que esperam a chance de quitar suas pendências financeiras no Desenrola.

— Eu ouvi no noticiário que o governo daria uma oportunidade de pagar as dívidas e limpar o nome. Eu me animei. Tenho uma dívida no cartão de crédito devido à pandemia. Eu era auxiliar de serviços gerais, e o mundo virou de cabeça para baixo quando eu fui demitida. A gente ficou muito tempo em casa, e as economias foram sendo gastas — diz.

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Atualmente, Sandra faz bicos em casas de festas, trabalhando como garçonete e na recreação, e faz curso técnico de Enfermagem, área em que busca uma vaga de estágio. Se equilibrando entre a formação e os serviços, ela sustenta um filho adolescente. Mesmo assim, sempre que consegue juntar uma quantia, procura seus credores ou eventos de renegociação de dívidas para saldá-las. No fim do mês passado, recorreu ao Caminhão Serasa.

— Estou limpando dívidas menores hoje, como a de telefonia. E ainda tenho fé de conseguir no Desenrola abater a dívida do cartão de crédito, que começou em R$ 500 e hoje passou de R$ 4 mil — conta Sandra: — Isso vai representar ficar com a vida livre. Nome sujo impede muitas coisas: fazer financiamento de carro, de casa... Ter dívida tira o sono.

Nesta etapa do Desenrola Brasil, serão renegociadas dívidas como contas de luz, água e internet, compras no varejo, débitos de educação, entre outras. O consumidor poderá escolher entre quitação à vista ou parcelamento em até 60 meses, com juros de até 1,99% ao mês. Os descontos vão variar caso a caso.

As dívidas de até R$ 5 mil terão a prioridade da garantia do governo Fundo de Garantia de Operações (FGO), que soma R$ 8 bilhões. Já as dívidas entre R$ 5 mil e R$ 20 mil poderão ser pagas, nesta fase do programa, pela plataforma, à vista, com o desconto oferecido pelo credor.

O assistente de obras Lucivaldo Pereira, de 34 anos, está desempregado. Enquanto recebe o seguro-desemprego e faz bicos de montagens de móveis para sustentar a família, a rescisão paga pela antiga empregadora tem destino certo. É realizar o sonho que já dura mais de seis anos.

— Tenho duas dívidas, há seis anos, com uma loja de eletrodomésticos. Comprei uma televisão e um ar-condicionado, que ficaram no total R$ 4.200. Mas fiquei desempregado na época também, e minha primeira filha nasceu. Então, não consegui pagar tudo — lembra Lucivaldo.

Ao voltar ao mercado de trabalho, neste intervalo de seis anos, Lucivaldo procurou a empresa para renegociar suas dívidas. Conseguiu diminuir o débito e pagou duas parcelas do acordo. No terceiro mês, porém, as contas apertaram novamente, e ele não conseguiu honrar o compromisso.

Em 2023, a vida continua difícil. Ele é o responsável pelo sustento da mulher, e de três filhos — de 6 anos, 3 anos e 3 meses. Mas sabe que, se fizer acordo pelo Desenrola, precisará honrá-lo. Segundo o governo federal, o não pagamento das parcelas renegociadas levará a uma nova negativação. Portanto, é importante se organizar para pagar em dia.

— Antes do financiamento da dívida, poucos se preocupam se os valores assumidos poderão ser honrados sem prejudicar o futuro financeiro e gerar novas dívidas. É crucial organizar as finanças pessoais para garantir que os pagamentos sejam feitos em dia — orienta Reinaldo Domingos, presidente da DSOP Educação Financeira: — O primeiro passo é criar um diagnóstico detalhado de todos os gastos, listando todas as despesas mensais, como moradia, alimentação, transporte e outras necessidades básicas. A partir daí, reduzir gastos supérfluos e ajustar o estilo de vida para economizar, sem se esquecer de separar parte do dinheiro para sonhos e projetos futuros e também para uma reserva estratégica

Como renegociar?

A negociação vai acontecer numa plataforma criada pelo governo federal especialmente para o programa. Não haverá necessidade de fazer nenhum download de aplicativo: o site poderá ser acessado pelo computador ou celular. O endereço do link e o horário em que o serviço começa ainda não foi divulgado pelo governo.

Em 2023, a vida continua difícil. Ele é o responsável pelo sustento da mulher, e de três filhos — de 6 anos, 3 anos e 3 meses. Mas sabe que, se fizer acordo pelo Desenrola, precisará honrá-lo. Segundo o governo federal, o não pagamento das parcelas renegociadas levará a uma nova negativação. Portanto, é importante se organizar para pagar em dia.

— Antes do financiamento da dívida, poucos se preocupam se os valores assumidos poderão ser honrados sem prejudicar o futuro financeiro e gerar novas dívidas. É crucial organizar as finanças pessoais para garantir que os pagamentos sejam feitos em dia — orienta Reinaldo Domingos, presidente da DSOP Educação Financeira: — O primeiro passo é criar um diagnóstico detalhado de todos os gastos, listando todas as despesas mensais, como moradia, alimentação, transporte e outras necessidades básicas. A partir daí, reduzir gastos supérfluos e ajustar o estilo de vida para economizar, sem se esquecer de separar parte do dinheiro para sonhos e projetos futuros e também para uma reserva estratégica

Como renegociar?

A negociação vai acontecer numa plataforma criada pelo governo federal especialmente para o programa. Não haverá necessidade de fazer nenhum download de aplicativo: o site poderá ser acessado pelo computador ou celular. O endereço do link e o horário em que o serviço começa ainda não foi divulgado pelo governo.

‘O crédito dá liberdade para a gente’

A dívida do cartão de crédito da professora de dança Lorena Santos, de 21 anos, surgiu em 2020, quando a jovem precisou arcar com despesas médicas da mãe, que enfrentou um quadro de trombose.

Sem renda após deixar uma vaga de jovem aprendiz num banco, e com a mãe sem trabalhar por conta da doença, a fatura do cartão deixou de ser paga. Mãe do pequeno Alayê, de dois meses, ela tenta encontrar uma oportunidade formal de trabalho para ter mais segurança financeira, e pensa no Desenrola Brasil para quitar a dívida e limpar o nome.

— Ficar sem crédito é muito ruim. O crédito dá liberdade para a gente. Fiz uma viagem para Salvador, para um festival de dança, e acabei ficando lá por três meses para conseguir juntar o dinheiro para pagar a passagem de volta. Se tivesse com o cartão, seria diferente — conta.

A renegociação da dívida de Lorena será possível graças a um leilão realizado pelo governo federal com a participação de 654 empresas. A ação alcançou R$ 126 bilhões em descontos oferecidos — R$ 59 bilhões para dívidas até R$ 5 mil e R$ 68 bilhões para dívidas de R$ 5 mil a R$ 20 mil. Segundo a divisão em lotes, o que teve o maior abatimento médio foi referente a dívidas de cartão de crédito: 96%. A média geral de desconto foi de 83%.

A primeira etapa do Desenrola Brasil, iniciada em 17 de junho, já contemplou milhares de pessoas. Um dos objetivos era beneficiar o público com dívidas de até R$ 100. E ao todo, dez milhões de registros de dívidas com esse teto foram desnegativadas.

Ainda na Faixa 2, dívidas bancárias negativadas de clientes com renda até R$ 20 mil puderem ser renegociadas. De julho até setembro, R$ 15,8 bilhões foram negociados em condições especiais, diz a Federação Brasileira de Bancos — isto é, 2,22 milhões contratos de 1,73 milhão de clientes bancários.


Postado por Extra.Globo

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