Nicole Daedone, fundadora de um "culto ao orgasmo", está sendo acusada de forçar integrantes do grupo a fazer sexo com milionários, que viriam a ser investidores da organização, por mais de uma década. Mas quem é afinal essa figura que está figurando no noticiário policial de vários jornais e TVs dos EUA?
A americana, de 56 anos, dirigia a OneTaste – uma empresa de bem-estar que promovia a "meditação orgástica" para mulheres. Alguns anos atrás, as palestras de Nicole eram bastante disputadas. E caras.
De acordo com reportagem do "NY Post", Nicole atraiu até a atenção da atriz Gwyneth Paltrow, que a considerava "guru do orgasmo". A estrela de Hollywood, que foi fotografada algumas vezes com a empresária e palestrante, passou a investir numa linha de beleza e bem-estar feminino, criando até velas com aromas de orgasmo e vagina. A socialite americana Khloe Kardashian foi outra que se encantou com as ideia da OneTaste.
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Sob o pretexto de "bem-estar sexual", a OneTaste construiu um império capitalizando o orgasmo feminino através de sua "meditação orgástica" (OM).
Nicole registrou a técnica, que envolvia uma mulher se despindo da cintura para baixo e depois se deitando num "ninho de travesseiros" para ter seus órgãos genitais acariciados, geralmente por um homem usando uma luva de látex por exatamente 15 minutos. A empresária afirmou que aprendera isso com um monge budista.
Mas as alegações de abuso sexual desencadearam uma investigação do FBI (polícia federal americana) que começou em novembro de 2018 e levou à prisão de Nicole em junho do ano passado.
Agora, os promotores acusam Nicole e sua ex-chefe de vendas, Rachel Cherwitz, de se aproveitar de consumidores vulneráveis ao divulgar sua empresa como ferramenta para curar traumas sexuais. Em seguida, o "culto" forçou os membros a se endividarem para pagar seus cursos, de acordo com a acusação.
Além disso, a One Taste é acusada de reter salários de funcionários e submetê-los "abuso econômico, sexual, emocional e psicológico, vigilância, doutrinação e intimidação".
A OneTaste foi fundada em 2004 em São Francisco por Nicole, oferecendo aulas práticas de OM como "uma forma de tornar o orgasmo, a conexão e a sensualidade sustentáveis". Ela se gabava de que OM estava "além do tantra: sexualidade na pós-nova era" e ofereceu cursos práticos de "treinamento" de orgasmo por milhares de dólares. Ela pretendia tornar a meditação sexual tão popular quanto o ioga.
Nos workshops, Nicole apresentava um exercício que fazia os homens olharem fixamente para os órgãos genitais das suas parceiras e depois treinavam, tanto para mulheres como para homens, o orgasmo feminino. Muitas das suas dicas estão na sua obra seminal "Slow Sex: The Art and Craft of the Female Orgasm" (Sexo lento: a arte e o ofício do orgasmo feminino).
Os negócios bombaram. Nicole abriu casas OM em Chinatown e em Manhattan, em Nova York, oferecendo cursos que começavam em US$ 195 por workshop, mas depois chegavam a US$ 2.000 por semana. Ela cobrava US$ 16 mil para interessados em se tornarem instrutores OM certificados.
Nicole gostava de contar a sua história às plateias: ela foi criada por uma mãe solo em Los Gatos, no norte da Califórnia, enquanto o seu pai estava na prisão após ser condenado por molestar duas meninas. Ela classificava a sua educação como turbulenta.
Aos 16 anos, Nicole engravidou e fez um aborto e, aos 27, soube que seu pai estava morrendo de câncer na prisão. A narrativa convincente conquistou seus seguidores e dinheiro.
Em 2017, a OneTaste estava promovendo cursos e retiros de coaching por até US$ 60 mil por ano e US$ 36 mil para o ensino pessoal de Nicole sobre carícias. A empresa se expandiu para 39 cidades, acrescentando Las Vegas, Denver, Boulder, Los Angeles, Austin e Londres a São Francisco e Nova York.
Mas em junho de 2018, a "Bloomberg Businessweek" publicou uma exposição bombástica com alegações de ex-funcionários e membros de que a administração da OneTaste obrigava funcionários e membros a fazer sexo entre si e clientes em potencial a fazer vendas. Um denunciante chamou isso de "rede de prostituição”, outro de “religião".
"O orgasmo era Deus e Nicole era como Jesus", declarou.
Em 2015, a OneTaste pagou US$ 325 mil em acordo extrajudicial a um ex-funcionário, Ayries Blanck, que alegou que a companhia a sujeitou a um "ambiente de trabalho hostil, assédio sexual, falta de pagamento do salário mínimo e imposição intencional de sofrimento emocional".
Meses depois da história na "Bloomberg", com o FBI investigando a empresa, Rachel Cherwitz decidiu deixar a empresa. Pouco depois, a OneTaste fechou suas portas.
Um ex-funcionário disse à BBC que "Nicole estava nos treinando para ver o mundo como ela vê. Aos seus olhos, não há diferença entre prazer e dor; não existe bem nem mal. É tudo apenas orgasmo."
"Existem muitos cultos que usam a sexualidade para recrutar e doutrinar pessoas", afirmou ao "NY Post" Steven Hassan, conselheiro de saúde mental especializado em cultos e novos movimentos religiosos e que trabalhou com ex-membros do OneTaste.
Nicole está vivendo numa enorme propriedade sua em Philo (Califórnia), que ela costuma chamar de "mosteiro". Ela declarou que pretende defender firmemente as suas crenças e as suas práticas. O julgamento deverá acontecer no início de 2025, devendo durar cerca de um mês, já que o número de testemunhas é extenso.
Postado por Extra.Globo
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