A esporotricose, doença de pele causada pelo fungo Sporothrix sp., encontrada no solo e em vegetais, está “descontrolada” no país, segundo o infectologista Flávio Telles, coordenador do Comitê de Cicotologia da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
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O que é a esporotricose?
A micose provoca lesões na pele e tem avançado em alguns estados do Brasil, além de ter casos registrados na Argentina, no Paraguai, no Uruguai e no Chile. Em maio deste ano, por exemplo, os casos da doença no estado do Rio de Janeiro tiveram uma alta de 260% em uma década, segundo o Ministério da saúde.
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Eram 579 ocorrências em 2013 contra 1518 contabilizados até o fim do ano passado. O destaque maior ficou entre crianças e adolescentes — em menores de 15 anos o número de casos saltou de 26, em 2013, para 196, em 2022, uma alta de 750%.
Como é transmitida a esporotricose?
A transmissão no Brasil ocorre principalmente por meio de cães e gatos infectados pelo fungo que podem transmitir para seus donos e outros animais domésticos. Além disso, ele pode entrar pela pele, por arranhões ou cortes, em contato com materiais contaminados, como gravetos, farpas ou espinhos.
Os dados foram notificados ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde, o Sinan.
Quais são os tipos da esporotricose?
Segundo o Ministério da saúde, existem quatro tipos da doença. São elas:
- Esporotricose cutânea: caracteriza-se por uma ou múltiplas lesões, localizadas principalmente nas mãos e braços;
- Esporotricose linfocutânea: é a forma clínica mais frequente; são formados pequenos nódulos, localizados na camada da pele mais profunda, seguindo o trajeto do sistema linfático da região corporal afetada. A localização preferencial é nos membros;
- Esporotricose extracutânea: quando a doença se espalha para outros locais do corpo, como ossos, mucosas, entre outros, sem comprometimento da pele;
- Esporotricose disseminada: acontece quando a doença se dissemina para outros locais do organismo, com comprometimento de vários órgãos e/ou sistemas (pulmão, ossos, fígado).
O fungo também pode invadir o sistema linfático, além dos ossos, e afetar os olhos, o nariz, os pulmões e até o sistema nervoso. Pessoas que vivem com HIV, diabetes, transplantados ou com outras condições imunossupressoras podem apresentar formas graves da doença, sendo necessário, em alguns casos, até mesmo a internação.
Quais os sintomas da esporotricose em gatos e cães?
Em cães e gatos, os sintomas mais comuns são feridas profundas na pele, geralmente com pus, que não cicatrizam e costumam evoluir rapidamente e espirros frequentes.
Quais os sintomas da esporotricose no ser humano?
Nos humanos, a esporotricose aparece após a contaminação do fungo na pele. O desenvolvimento da lesão inicial é bem similar a uma picada de inseto, podendo evoluir para cura espontânea. Em casos mais graves, quando o fungo afeta os pulmões, podem surgir tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre.
Caso o fungo afete os ossos e articulações, os sintomas surgem como um inchaço ou dor ao realizar os movimentos, bastante semelhantes ao de uma artrite infecciosa. As formas clínicas da doença vão depender de fatores como o estado imunológico do indivíduo e a profundidade da lesão.
Período de incubação da esporotricose
O período de incubação também é variável, de uma semana a um mês, podendo chegar a seis meses após a inoculação, ou seja, a entrada do fungo no organismo humano.
Transmissão da esporotricose
Os indivíduos geralmente adquirem a infecção pela implantação do fungo na pele ou mucosa por meio de um trauma decorrente de acidentes com espinhos, palha ou lascas de madeira; contato com vegetais em decomposição; ou arranhadura ou mordedura de animais doentes, sendo, o gato, atualmente, o principal transmissor da doença, protagonista da Esporotricose de Transmissão Felina (ETF)
Causas da esporotricose
Porém, é importante ressaltar que os gatos não são culpados pela esporotricose. Estima-se que a falta de políticas públicas para controlar a disseminação do fungo, como a castração e o tratamento dos gatos, permitiu o espalhamento da esporotricose.
Outra causa estudada é a degradação do meio ambiente ao longo dos anos, com ocupação do solo, desmatamento e construção de moradias, provocando uma desorganização de ecossistemas que antes estavam em equilíbrio e expondo animais e seres humanos a novos patógenos.
Prevenção contra a esporotricose
O ministério da saúde recomenda que as pessoas evitem a exposição direta ao fungo, usando luvas e roupas de mangas longas em atividades que envolvam o manuseio de material proveniente do solo e plantas, bem como o uso de calçados em trabalhos rurais.
Além disso, o órgão diz que os indivíduos com lesões suspeitas de esporotricose devem procurar atendimento médico nos após o surgimento dos primeiros sintomas para investigação, diagnóstico e tratamento.
“Animais com suspeita da doença não devem ser abandonados, assim como o animal morto não deve ser jogado no lixo ou enterrado em terrenos baldios, pois isso manterá a contaminação do solo. Recomenda-se a incineração do corpo do animal, de maneira a minimizar a contaminação do meio ambiente e, assim, interromper o ciclo da doença”, diz o Ministério.
Tratamento para a esporotricose
Apesar de preocupante, a esporotricose tem cura tanto para humanos quanto para os gatos e outros animais a partir de medicamentos anti-fúngicos. O tratamento deve ser realizado após a avaliação clínica, com orientação e acompanhamento médico. A duração do tratamento pode variar de três a seis meses, ou mesmo um ano, até a cura do indivíduo.
Postado por oglobo.globo
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